O rapaz queria ser repórter na televisão. Tinha vinte e um anos de idade e experiência de dois anos como repórter de rádio. Pouco para que o diretor daquela emissora o deixasse ao comando de uma ENG na emissora, na época a a segunda de maior audiência no país. Mesmo assim, o executivo ouvia os apelos: “deixe-me atuar como repórter, eu sei que eu consigo”. Então resolveu testá-lo.
O ano era dois mil e um. Dois brasileiros estavam no páreo para serem escolhidos para o cargo de técnico da seleção brasileira. Felipão acabou sendo escolhido e Luxemburgo perdeu o páreo. Sabendo que o técnico costumava ser antipático com a imprensa, o diretor do canal mandou o foca lá com apenas uma missão: questionar o que Luxemburgo achou da derrota para o adversário.
E foi essa a pergunta que o rapaz fez. Ele chegou cedo ao treino do Corinthians, esperou toda a coletiva com o Luxemburgo terminar (ele sabia que não poderia azedar o arroz dos outros colegas) e ouviu do assessor de imprensa: “atenção, ele não vai falar sobre seleção”. Mesmo assim, o foca chamou Luxemburgo para um tete a tete, e o técnico aceitou (era a segunda maior emissora do país, certo?). O futuro repórter de televisão fez só duas perguntas quaisquer sobre o treino do dia e, ao final, disparou: “O que você achou da escolha do Felipão para técnico da seleção?” Luxemburgo não escondeu a irritação e mudou o tom de voz. Impaciente, empurrou o jornalista para trás de disparou: “amigo, não vamos falar sobre esse assunto hoje, estamos aqui só pra falar de Corintihians!”. O foca não perdeu a serenidade e ainda mandou mais uma: “por que, esse assunto te irrita?” O técnico ficou vermelho e gritou: “não, rapaz, VOCÊ ME IRRITA”. Tudo registrado ele voltou para a televisão.
O diretor e o chefe de reportagem, dois palmeirenses roxos, foram conferir a “fita bruta”. Riram demais com o resultado. E a manchete de futebol do jornal da emissora naquela noite foi: “Técnico Wanderley Luxembrugo fica irritado ao falar sobre a escolha de Felipão para comandar a seleção brasileira”.
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